Curva da Reflexão

Respiro fundo e olho a minha volta,
"Penso, logo existo" mas,
Qual a lógica da minha vã existência?
Revejo a minha vida num flash
Prisma de sentimentos enlouquecidos
Coração ferido na essência,
Porque insistir no incerto?
Quanto vale competir por carinho?
O que vale a inteligência, o bom humor num mundo de valores invertidos?
Na realidade a época é de pessoas com embalagens afrodisíacas e conteúdo medíocre
Que cobram por aquilo que não podem oferecer,
Que não possuem delicadeza, leveza de espírito
Apenas atributos que o tempo indubitavelmente modificará
Mas o que isso importa se continuamos a correr atrás de rostinhos bonitos e corpos perfeitos?
Quem se importa se a outra pessoa não consegue se reciclar em cultura e conhecimento,
O importante é quanto seus amigos vão ficar impressionados pela beleza escultural da mulher ao seu lado
E jamais o quanto ficariam impressionados pela humor irreverente , pela mente aguçada que ela possui, Afinal isso seria uma concorrência injusta, admitir que ela tem conteúdo e que isso assusta a maioria dos homens que se sentiriam inferiorizados,
Ou que não querem ser vistos como diferentes por gostarem de mulheres independentes,
Que saibam discutir sobre política, futebol e religião,
Que curtam um bom filme de ficção, um livro de filosofia, um concerto musical ou uma peça teatral;
Mas, o pior disso tudo é que admitimos sermos manipuladas, moldadas, segundo a necessidade deles, pois, quando gostamos, nos entregamos totalmente,
Admiramos qualidades imperceptíveis como um sorriso com covinha, as mãos macias, a voz que acaricia, o abraço que conforta,
Vemos a beleza como um conjunto das suas melhores qualidades e achamos os seus defeitos passíveis de mudança sempre,
Acreditamos que o nosso carinho, a nossa compreensão amenizará a raiva, a explosão de gênio,
Tentamos sempre ser a amiga, o alicerce, a que segura a mão, que alisa a face mas, ai vem a questão:
Em que mundo estou vivendo?
Com certeza não em um planeta que serei apreciada pelas minhas qualidades, pois, não tenho a juventude ou a beleza a meu favor e,
Chego a conclusão que o que me resta é aprender a conviver com idas e vindas superficiais,
porque você e o mundo não estão preparados para mim.