E de repente a idade chega e vai te limitando... e você
percebe que a mente está jovem mas o corpo não quer ter a mesma jovialidade e
então seu mundo seguro se desfaz...aos poucos seu sorriso é só por fora, a sua
dor é tão grande que sua alma chora...e o pior é que as pessoas a sua volta nem
notam...acreditam que você só quer chamar a atenção e não percebem que sua
alegria não é mais a mesma, que sua vitalidade já não é mais
presente...abandonam sem ao menos notar o quanto você precisa de carinho e
incentivo para continuar lutando, para não entregar seu corpo...enquanto isso
sua mente continua ativa, querendo novos horizontes mesmo sabendo que daqui a
pouco o que restará serão só as doces recordações das pequenas realizações de
uma vida, e de repente você percebe que foi
novamente abandonada por quem mais amava e vê que o processo sempre se repete,
o abandono, a luta pela sobrevivência, o cansaço e os porquês sem resposta de
toda uma vida...nessa hora me pergunto até quando serei testada, até quando
conseguirei sorrir quando minha vontade é apenas um colo para deitar minha
cabeça e chorar, chorar pela falta da mãe e pai que me abandonaram, pelo amor
que me feriu ao duvidar da pureza do meu coração e até dos filhos que acham que
sou forte o suficiente e que existem pessoas que eles precisam proteger e amar
mais do que eu...a pior cegueira é não querer enxergar a nossa própria
fragilidade, é não sentir que tudo tem um alto preço e que nem sempre estamos
aptos a pagar sem que um pedaço de nós se parta ou morra lentamente.
São Paulo, 18 de
outubro de 2015.
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