sábado, 15 de setembro de 2018

AFRODITE OU QUIONE



Minha deusa Afrodite não quero você mais na minha vida, fazendo escolhas erradas e sofrendo, quero me manter gélida para o amor que tu proclamas, vou me esconder no reino de Quione e congelar meus sentimentos.

De agora em diante só poderá me tocar aquele que eu conceder o privilégio e será apenas o corpo jamais a alma, o amor não fará mais morada no meu coração, estará presente apenas no meu olhar distante ou quando eu tocar a pureza de uma criança e a sabedoria de um ancião, homens jamais terão esse poder, pois não são dignos da minha bondade.

Fui para o reino do gelo para aprender a esfriar o amor que ardia em meu peito, para esfriar pensamentos e deixar surgir uma nova primavera que se satisfaça com coisas pequenas como uma música, um livro, uma dança, que afogue o amor arrebatador, que foge ao controle e nos deixa sem folego.

Nesse momento renuncio a Afrodite em mim e troco-a pela musa Terpsícora, dançarei pela vida, pelas flores que surgem no caminho, pelo sol que aquece a pele, pela beleza contida que nem todos os mortais enxergam, pois fecham os olhos achando que sua dor é a maior de todas sem enxergar a magia da vida.

Dançarei e brindarei junto a Dionísio essa nova era que escolhi para mim, serei a mortal mais invisível que esse mundo já conheceu guardando apenas em meu coração os amores que já vivi.

São Paulo, 15 de setembro de 2018.



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