Minha deusa Afrodite não quero você mais na
minha vida, fazendo escolhas erradas e sofrendo, quero me manter gélida para o
amor que tu proclamas, vou me esconder no reino de Quione e congelar meus
sentimentos.
De agora em diante só poderá me tocar aquele que
eu conceder o privilégio e será apenas o corpo jamais a alma, o amor não fará
mais morada no meu coração, estará presente apenas no meu olhar distante ou
quando eu tocar a pureza de uma criança e a sabedoria de um ancião, homens
jamais terão esse poder, pois não são dignos da minha bondade.
Fui para o reino do gelo para aprender a
esfriar o amor que ardia em meu peito, para esfriar pensamentos e deixar surgir
uma nova primavera que se satisfaça com coisas pequenas como uma música, um
livro, uma dança, que afogue o amor arrebatador, que foge ao controle e nos
deixa sem folego.
Nesse momento renuncio a Afrodite em mim e
troco-a pela musa Terpsícora,
dançarei pela vida, pelas flores que surgem no caminho, pelo sol que aquece a
pele, pela beleza contida que nem todos os mortais enxergam, pois fecham os
olhos achando que sua dor é a maior de todas sem enxergar a magia da vida.
Dançarei e
brindarei junto a Dionísio essa nova era que escolhi para mim, serei a mortal
mais invisível que esse mundo já conheceu guardando apenas em meu coração os
amores que já vivi.
São Paulo, 15 de
setembro de 2018.